O Overlei

O Overlei é um não-coletivo: uma plataforma para troca de idéias e desenvolvimento individual de processos artísticos. Ilustração, foto, grafite, texto, design, instalação e pintura: cabe tudo no barco e todo tipo de expressão é bem vinda!

20091018

Mergulhe

Olá a todos,
eu sou o Hideki [ Nomiez ], recém formado em design e um vidrado em grafitti, intervenções, street art e pixação. Meus primeiros contatos com a rua foram em 2000, quando fiz meu primeiro graf, ae fazia um a cada 3/4 meses, porque estava sempre sem grana, a tinta era cara (ainda está cara), e também não levava como prioridade. Mas, em 2007 comecei a levar a coisa mais a sério, comecei a pintar direto, a sair sozinho pra fazer rolê, e nisso descobri uma puta terapia. Na rua eu absorvo e vomito muita coisa.

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Meu primeiro post é de um trabalho feito no começo do ano na favela do Jardim Edite (Espraiada), lá várias famílias estavam sendo despejadas porque nessa area será construída um conjunto de prédios populares [o mesmo discurso de sempre]. Rolou um calaboca de R$3.000,00 para cada familia, mas que nao cala a fome, nem ampara as familias por muito tempo.
A idéia de pintar o local foi do Mundano, com o intuito de chamar mais atenção para essa realidade. http://www.flickr.com/photos/artetude/3363200144/in/set-72157616661937801/


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Escolhi esse trabalho porque nele começo a pirar mais em linguagens, na mistura. E percebi que a fotografia já é outro trabalho, a foto do grafitti não é o grafitti e tem outro peso, as vezes muito menor, as vezes muito maior.

material: latex preto, spray cromo, camera digital meiaboca e solzão rachando.

Espero que curtam! Abraço!

Nomiez
www.flickr.com/nomies


7 comentários:

  1. Irado, Hideki! Acho ótimo saber das intenções dos artistas engajados. Abre reflexão pros outros campos da produção imagética e artística em geral.

    "Mergulhe" tem uma sugestão bacana, mas confesso que bati de cabeça numa das pretensões da obra: de que forma o grafitti explicita ou provoca a realidade que se propõe a abordar (levando sempre em conta o público que se deseja atingir, já que se trata de arte social e política)?

    Que venha mais coisa boa!
    Um abraço, e bem vindo mais uma vez!

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  2. e ae hideki, fmz? tinha visto o trampo do mundano nessa area tb e curti pra caralho.. bom saber q tem mais gente não só pintando muro em lugar ibope e de conceito vaziu (nada contra, mas não acho q seja arte de rua), mas com um mote realmente importante e q chama a atenção.
    a foto fico fmz.. não sei dizer se tem mais peso do q o graf, e nem acho q seja o ponto, mas com ctz valorizou pra caralho.

    belo trampo

    abrasss

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  3. Japonêêês....

    Começou bem!!!

    O importante é sempre mergulhar.

    Agora os dias 18 serão mais felizes, meu querido.

    Abs

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  4. salve, victor, luis, makajones..!
    Entao victor, o lance do mergulhe surgiu quando vi esse pico ae, que me lembrou muito uma piscina de destroços. Esse lugar fica no meio da favela, quem iria ver seriam os moradores que ainda tiravam suas coisas e funcionarios da demolidora, chegando até vocês tambem...pela internet
    A idéia do mergulhe para os moradores era de se jogar, no sentido: fudeu, tamo sem casa,mas força, bora começar de novo, vamo que vamo. Tentando não apenas levar uma crítica lá pra dentro, mas sim algoi positivo, pois o clima la ja estava beem pesado. Lembro de uma frase que o Mundano escreveu na melhor da intenções: era uma vez o jardium edite.. Um cara da comunidade viu e ficou em choque,achou o mundano e falou: mano, como assim era uma vez o jardim edite; se tá bem loco? Jardim Edite resiste, tá aqui firme e forte, uma pa de familia ae no osso, tao sendo despejados, mas tem muita história esse lugar aqui ....vai lá e apaga essa frase.
    Outro sentido do mergulhe, para a galera da demolidora, e da internet, é: olhe, mergulhe nessa memória de diversas famílias....mais uma remoção.


    abraço!

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  5. Boa Hideki!

    Achei legal o teu comentário da foto ser uma outra obra, porque realmente, é uma história contada pelo fotógrafo.

    Do jeito que falou lembrei do vik muniz que faz da fotografia quase um toque de pós-produção/finalização de seus projetos. Muitas vezes a obra final é uma grande ampliação fotográfica de um projeto quase microscópico - o contrário também vale, como as fotos feitas com lixo dentro de galpões gigantes.

    Mas a discussão que o Victor trouxe é bem interessante, e realmente é algo que eu queria ver mais discutido!

    ABS

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  6. Hideki!!!!
    Não sei se foi o contexto, o buraco para o qual se direciona o mergulho (de-quem-não-cabe),ou a lembrança de antigos conhecidos....
    Fiquei sabendo que tem toda razão, o peso de uma foto grafitti é outro, fato.
    Só pra constar, pra mim o peso foi maior!
    Beijos no aguardo do proximo

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  7. Massa, Hideki. É bacana pensar na última conotação que você sugere, do mergulho nas memórias destruídas. Isso é grande, forte.

    Legal, mano.
    Que venham mais coisas boas!

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