Pra me descabaçar aqui no OL, escolhi uma peça que tem uma importância muito grande pra mim, pois apesar de, esteticamente, não apresentar nada de muito novo, é o que eu considero a minha “peça de ruptura”. Foi o momento onde eu decidi assumir de vez o papel que eu imagino ser o certo pra mim dentro da merda que, cada vez mais, tem se tornado a publicidade.
Essa peça faz parte de uma proposta de campanha feita em aula para o Projeto Nascentes, que é meio que um VMB da USP, mas que eu só conheci por causa deste trabalho, e este era justamente o problema do negócio: pouca gente conhecia. Ele já estava na 18 edição, tinha campanhas de edições passadas lindas assinadas por ex-alunos que hoje são ganhadores de leões em Cannes, mas até então ninguém na facu sabia do que se tratava esse tal Nascentes. Minha criação começou pelo básico: Alltype, fundo chapado, direção de arte modernoza, etc, etc... até que um dia eu cheguei meio revoltado na aula e comecei a “causar”.
Foi meio que num estalo. Quando eu percebi que não adianta ficar criticando o modelo de negocio ou forma como as coisas são feitas caso não se proponha algo pra mudar tudo isso. Que o que eu faço não pode, nem deve, se parecer com essas campanhas “bonitinhas mas ordinárias” que infestam as Globos, JovemPans e Vejas. Que ninguém aguenta mais uma marca dizendo “seja você mesmo”, “compre isso e seja feliz”, “o melhor pra você e sua familia”. Que eu não vivo de comissão de midia e minha meta não é gastar logo toda a grana do cliente com alguma piadinha cretina.
Então eu fiz a peça... e decidi fazer ela feia.
No fim das apresentações, como não podia deixar de ser, fui chamado por eles e pelo prof. pra ouvir o seguinte: “Essa campanha é perfeita pra o que a gente precisa (what???), mas, claro, não vai ser aprovada” (uff... ia ter que fazer tudo de graça...). “De qualquer forma, parabéns” (?). Meu prof. também me ofereceu um trampo no estúdio dele. Agradeci, mas fiquei só com o 10 na média.. meu primeiro.
Ah Kiko, as peças são horrorosas. 100% de êxito, hehe.
ResponderExcluirMas tem um alface no dente: depois de criticar tanto a modinha do design publicitário, e romper, com ousadia, a ditadura estética do meio, você fez tudo em inglês, que pra mim nada mais é do que mais um vício - tosco, já muito velho - do próprio meio que você critica.
Isso tem explicação ou foi tropeço ideológico?
Belo começo, mano!
Bem vindo ae ao espaço!
Fala Victor,
ResponderExcluirSó os teasers são em inglês e na verdade não é nem um nem outro. Assim como algumas linguas têm palavras pra descrever um sentimento que em português a gente precisa de uma frase inteira pra falar, semanticamente, não é a mesma coisa dizer "foda com a arte" e "fuck with the art", assim como é diferente dizer "loser" e "perdedor" ou "free" e "sem" ou "livre de".
Se meu "publico" entende o que eu quiz dizer não tem pq eu deixar de usar um recurso por razões ideologicas ou pra ser "do contra". E o problema da publicidade não é a moda, mas as formulas prontas. A linguagem, independente da lingua (que pode até ser inventada, tipo em 18tésimo), está ai pra ser usada e se Raul, Mano Chao e outros "questionadores" usam ela por completo, não sou eu que vou descriminá-la.
ou...
ResponderExcluiro meio é a mensagem.
Que beleza isso, Kiko.
ResponderExcluirDiscordo da sua defesa, mas só em parte. Tem uma parte ótima nela. "18tésimo" é lindo, aumenta mesmo o espectro das possibilidades linguísticas e prova que a língua é troço vivo.
Mas não arredo da idéia de que o inglezismo é viciozinho velho. "foda com a arte" tem um impacto ótimo, ao nível de "fuck with the art". Aliás, pra mim soa até mais forte, uma vez que o inglês soa meio qualquer coisa, meio batido, enquanto que a construção da frase em português chama atenção justamente por não ser batida. Mas talvez houvesse modos melhores de dizê-lo, como "foda-se a arte" - que traz a expressão para a fala popular.
Quando você bota "loser" e "perdedor" a gente vai pra um caso diferente. O estereótipo do "loser" é essencialmente americano. É por isso que "perdedor" soa sessão da tarde. O caso é diferente, sabe?
Mas é mano. Cê fala "atravessando a rua", e a sentença soa vulgar, efêmera. Mas cê mete um "Crossing the Street" e dá até pra ouvir o Don La Fontaine falando com voz de trailer. Mas isso é uma besteira, é vício. É uma maneira fácil de construir um título ilusóriamente impactante.
Mas ó, não sou purista da lingua não. Ataco o vício mesmo, não tenho nada contra a língua inglesa também. Mas fazer propaganda só em inglês é atestar o fato de que a propaganda, em si, é essencialmente griga, assim como loser. Aí a gente morde o rabo e deixa de criar uma identidade linguística. Não?
Ó Jira, mais um bom de papo aqui. :)
Kiko, aqui é o Rodrigo, que participou dos Flashmobs de 2009 e fez parte do CDIE e da Reconquista. Atualmente estou como RD do Conselho Universitário. Preciso falar com voce urgentemente sobre o Greve da greve. Por favor, entre em contato comigo o quão antes possível. Meu msn/email é drisouzaneves@superig.com.br
ResponderExcluirÉ urgente, o ideal seria conversarmos antes do dia 31.
Aguardo o contato.
Abraços,
Rodrigo.